A história oficial, produzida por homens brancos de elite, configurou uma escrita nacional unilateral e homogênea. As consequências dessa perspectiva hegemônica ressoam por vários âmbitos da sociedade, especialmente, na área da educação. Dessa forma, as relações étnico-raciais são, por muitas vezes, invisibilizadas, ou, tratadas de forma estereotipada. Essas omissões e noções equivocadas, cunhadas por uma perspectiva tradicional historiográfica, trazem diversas implicações negativas para o ensino e pesquisa no campo da história. Especificamente falando sobre os povos indígenas, percebe-se que coexistem muitas lacunas e contrariedades, visto que houve a predominância de um olhar eurocêntrico. Nesse sentido, reconhecendo a importância da História, como ferramenta primordial para as lutas sociais e antirracistas na educação, o presente trabalho teve como objetivo identificar o conhecimento histórico referente a História Indígena escolhido no documento da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). A pesquisa identificou as contribuições historiográficas contemporâneas para a História Indígena, destacando conceitos, temas e novas abordagens que se fazem substanciais para a superação de uma concepção tradicional e problemática. Para tanto, fundamentamo-nos em autores como Edson Kaiapó (2019), Daniel Munduruku (2012), entre outros. Através da análise documental da BNCC (2017) à luz da discussão historiográfica contemporânea e da legislação educacional vigente, identificamos o conhecimento histórico escolar referente a História Indígena presente na base. Concluímos que a historiografia contemporânea instiga a valorização dos povos indígenas, desvencilhando-se de ideais preconceituosos e propõe a problematização de abordagens e termos tradicionalmente utilizados. Além disso, enfatiza o papel central dos povos indígenas como autores de sua própria história e reconhece a sua sociodiversidade. Tal resultado, não se faz presente no documento da base, pois o conhecimento histórico referente a História Indígena apresenta-se de forma pontual, fragmentado e eurocêntrico, sem a atualização conceitual e procedimental da investigação histórica dos estudos contemporâneos, sinalizando um descompasso entre a historiografia e a base.