A homologação de um documento curricular normativo de âmbito nacional, a Base Nacional Comum Curricular, em 2017, provocou diferentes reações entre os professores que reverberaram em sua relação com o trabalho pedagógico que desenvolvem, entre eles, a estruturação dos currículos escolares. Esta investigação objetivou identificar os modos pelos quais professores de Educação Física têm estruturado os currículos nas escolas em que atuam com relação às orientações anunciadas na BNCC. Para isso, foi realizada uma pesquisa exploratória, de abordagem qualitativa, por meio de entrevista semiestruturada, de modo virtual, com professores de Educação Física com formação específica, atuantes na rede pública municipal de Fortaleza-CE. Os resultados foram analisados com fundamento na análise temática proposta por Bardin (2021) e indicaram que as decisões curriculares eram centralizadas nos professores que, mesmo considerando a importância da participação dos diferentes atores sociais que compõem a comunidade escolar, encontravam entraves para a efetivação de construções colaborativas. A BNCC é compreendida pelos participantes como um ponto de partida para as elaborações curriculares, pois aponta os direitos de aprendizagem mais básicos os quais os escolares têm direito a acessar, entretanto, necessita de complementações, uma vez que deixa margem para as decisões de âmbito local, baseadas nas características, interesses e necessidades de cada realidade escolar. Deste modo, a relação com a BNCC tem se caracterizado a partir de uma perspectiva de complementação, ou seja, preservam-se os elementos garantidos aos escolares por direito e agregam-se outros que enriquecem os conhecimentos, os sentidos e significados dos elementos tematizados nas aulas.