O presente estudo teve por objetivo refletir sobre a influência de organismos internacionais como o Banco Mundial/BM e a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico/OCDE nas políticas educacionais dos países em desenvolvimento, em especial o Brasil, por meio de um discurso que atribui à educação um caráter mercadológico, à medida em que a relaciona ao desenvolvimento socioeconômico, desconsiderando que a educação é um bem público, além de ser um direito fundamental para o desenvolvimento humano e sustentável. Nesse sentido, não pode ser compreendida como lucro ou cheque em branco ao seu portador. Ao se definir competências, habilidades, valores e atitudes para o profissional do futuro, desconsiderando problemas sociais graves como a pobreza extrema, o analfabetismo, a falta de oportunidades equânimes de acesso e permanência no estabelecimento escolar etc., impõe-se a máxima de que todos podem atingir esses objetivos, sendo tudo uma questão de meritocracia. Para tanto, à luz de alguns relatórios e documentos produzidos por essas instituições, observou-se a intencionalidade na padronização de currículos com o intuito de formação de mão de obra, visto que tratam o estudante como capital humano ao relacionar o investimento em educação como possibilidade de aumento de renda. Dessa forma, constatou-se a necessidade de desvelar as entrelinhas desse discurso, enquanto instituições reconhecidas mundialmente como referência na produção de dados cuja fidedignidade pode ser colocada em xeque, uma vez que esses mesmos organismos enfatizam resultados de grandes avaliações, evidenciando os conhecimentos adquiridos em Leitura, Matemática e Ciências, corroborando assim com o direcionamento do ensino para a formação para o mercado de trabalho corporativo. Nesse sentido, cumpre avaliar em que medida essa intervenção nas políticas públicas educacionais que interferem diretamente no processo de desenvolvimento humano, é salutar ou prejudicial e, no caso, qual o preço a ser pago por aceitar essas interferências. Palavras-chave: Banco Mundial, OCDE, Capital Humano, Desenvolvimento, Políticas Públicas Educacionais.