Considerando a realidade de vulnerabilidade social na qual as cidades do interior do estado de Pernambuco passam, o presente trabalho procura destacar a experiência da Oficina do Saber promovida pela Giral Desenvolvimento Humano e Local, no Distrito de Apoti, no Município de Gloria do Goitá. Diante de indicadores de exclusão, tais como: altas taxas de analfabetismo, taxas de repetência e evasão escolar, desemprego, ociosidade dos jovens, entre outros indicadores, aquela experiência intenta promover, por parte dos jovens participantes, a (re)elaboração dos sentidos e significados de pertencimento ao território em que vivem. Na dinâmica da Oficina do Saber, faz-se uso da metodologia participativa colaborativa, pela qual são vivenciadas o envolvimento e comprometimento, propiciando criatividade, diálogo e engajamento na organização de ideias. A alfabetização é o meio utilizado para tal finalidade. Portanto, esta é compreendida como um recurso de ampliação do senso crítico. Mas, até que ponto a alfabetização pode ser um instrumento na luta pela conquista da cidadania? Guiado por esta indagação, a autora e o autor debruçam-se na experiência da Oficina do Saber com o objetivo de analisar as relações da alfabetização de jovens com as construções da cidadania. Como arcabouço teórico-metodológico, a pesquisa apoia-se na abordagem construtivista na alfabetização, imprimida nas ideias de teóricos como Jean Piaget e Paulo Freire, que ressalta a construção ativa do conhecimento pelo estudante. Pauta-se na pesquisa qualitativa com material empírico a dinâmica diária da Oficina do Saber. Entre os resultados alcançados com a pesquisa, foi possível observar que são necessárias cautelas e reflexões aprofundadas sobre a relação alfabetização e cidadania, visto que esta pode ocultar fatores determinantes da cidadania negada a grupos sociais. Apesar da alfabetização não ser imprescindível à conquista da cidadania, ela proporciona novas substantividades ao exercício da mesma.