Não comumente percebemos que as situações risíveis são formuladas de modo que discriminem sujeitos minorizados por não se adequarem a determinados padrões construídos social e culturalmente. As piadas que tematizam sobre a homossexualidade masculina configuram-se em espaços nos quais reverberam dizeres excludentes que permeiam os diversos espaços, como na escola, no trabalho, dentre outros. Não obstante, estas piadas valem-se de formulações corporais para que sejam acentuadas o riso e, por conseguinte, promovam a (re) produção de estereótipos sobre os homossexuais masculinos. Nessa direção, buscaremos analisar, no presente artigo, como o riso e a performatividade de gênero corroboram para a constituição de estereótipos os quais forjam as identidades de gênero e sexual dos homossexuais masculinos, onde os dizeres enunciados pelo sujeito-humorista apresentam-se inscritos na ordem do risível, do ridículo, por meio dos atos performativos no interior de campos discursivos de saber e de poder onde as piadas estão inseridas. Para tanto, lançaremos mãos de quatro recortes discursivos extraídos de dois espetáculos do humorista Junior Chicó, Quando Eu Me Assumi (2019) e Piores maneiras da família descobrir que você é gay (2021). Circunscrita na Análise do Discurso francesa, esta pesquisa fundamenta-se nas contribuições de Pêcheux (1993; [1975] 2014), Orlandi (2007; 2012; 2013), Louro (2000), Butler (1993, 1999), Possenti (2010), Travaglia (1990), Bergson (2018), Propp (1992) e Courtine (2013). O percurso metodológico dessa pesquisa está fundamentado em uma investigação qualitativa.