Entre 2020 e 2022, anos que compreendem o surgimento e o início do arrefecimento da pandemia do Coronavírus, vimos surgir um sem-número de notícias falsas a respeito da doença então recém-descoberta. Circulavam informações inverídicas sobre o uso de máscaras, sobre formas de tratamento da doença e até mesmo sobre os números de casos fatais. Por um lado, o considerável sucesso dessas inverdades foi tributário da falta de letramento sobre fake news e maneiras de identificá-las; por outro, parece ter havido, por parte de alguns indivíduos e grupos, um esforço deliberado para ignorar evidências e apostar em crenças infundadas. Neste contexto, coloca-se em foco um projeto de combate à desinformação realizado no âmbito de uma Instituição Federal de Ensino na cidade do Rio de Janeiro. Em um olhar sobre esse projeto, investigam-se potencialidades do fomento aos letramentos em metodologias de pesquisa e em filosofia, respectivamente nas perspectivas de Gil (2019) e Kohan & Waksman (2000, 2002), no contexto do Ensino Fundamental. Para isso, realiza-se uma análise temática dos registros de implementação, dos relatórios individuais finais dos estudantes integrantes do grupo, bem como do impacto – na comunidade escolar – dos trabalhos desenvolvidos e divulgados pelo grupo. Em suas diferentes manifestações, os dados indicam que as atividades possibilitaram o desenvolvimento da autonomia, da capacidade de reflexão, do senso crítico e ético-científico dos estudantes participantes do projeto. Ademais, os trabalhos do grupo suscitaram debates na comunidade escolar sobre o problema da desinformação e sobre a noção de fato e de verdade. Finalmente, o estudo reforça a importância do investimento em múltiplos letramentos já no Ensino Fundamental, evidenciando sua efetividade no combate à desinformação através da promoção do protagonismo discente.