Este trabalho deriva-se de uma pesquisa de Mestrado em Psicologia ainda em andamento, na UFPE, cujo objetivo geral é analisar os modos de subjetivação masculinos na contemporaneidade de homens pobres residentes em bairros de periferia da cidade de Recife/PE. Apresentamos aqui os resultados parciais do trabalho que vem sendo realizado com base em uma metodologia qualitativa, desenvolvida através de entrevistas semiestruturadas, com 5 (cinco) homens pernambucanos. Tais entrevistas estão sendo analisadas sob aporte teórico psicanalítico, sobretudo, lacaniano, e a partir da teoria de gênero de Butler. Dessa forma, atentamos para as transformações que certamente ocorreram tanto no âmbito social, quanto cultural ao longo da história e que possibilitaram o espaço que a temática “homens e masculinidades” vem adquirindo nas pesquisas, mas também para as esferas individual e relacional, atravessadas por aquilo que falha e toca um íntimo de gênero indizível. Consideramos aqui, masculinidade como algo não natural, um contorno construído, que nos leva ao encontro de uma história plural. Nesse sentido, a análise das entrevistas vem evidenciando que, embora não se escolha o próprio gênero, este está em produção em um devir constante, não-fixo e sempre em referência a um outro, de forma que muitas respostas são ofertadas ao entrevistador. Contudo, os discursos trazem algo que falha e não apenas reproduz, marcando o estranhamento e o único. Nos deparamos, então, com masculinidades e subjetivações que, no escape, trazem algo íntimo e único da masculinidade de cada sujeito em sua contemporaneidade.