O texto em evidência discute as afinidades entre a pedagogia política de Paulo Freire, as teorias pós-coloniais e o currículo escolar. Corroboramos o argumento de que sua concepção praxiológica de educação questiona e traz a possibilidade da problematização em torno das manifestações contemporâneas da colonialidade, especialmente daquelas que se desdobram no plano curricular. No que concerne ao trato metodológico, nos amparamos na “Cartografia Simbólica”, estratégia de construção do conhecimento sistematizada por Boaventura de S. Santos. Para tanto, estabelecemos diálogos com vertentes paulofreireanas direcionadas à discussão curricular e com teóricos curriculistas cujas teorias retinem perspectivas de humanização, justiça e emancipação social. Dentre estes, destacamos: Theodor Adorno, Hugo Zemelman, Wilfred Carr, Antonio F. Gouvêa da Silva, entre outros. De igual maneira, nos apoiamos nas contribuições de autores considerados pós-coloniais, a exemplo de: Hugo Achugar, Gayatri Spivak, Boaventura de S. Santos e Enrique Dussel, para citar alguns. Com base nas reflexões suscitadas, afirmamos razões pelas quais podemos considerar o currículo escolar como um lugar de enunciação político-pedagógico capaz de movimentar uma práxis educacional envolvida com o trabalho curricular de tradução da realidade, objetivando enxergar aquilo que oprime para, então, provocar a construção de um currículo escolar como projeto de conscientização para a libertação em relação ao que é injusto e desumano. Consideramos, como principais resultados deste estudo, o fato de que as pesquisas e as práticas fundamentadas nas teorias pós-coloniais ressoam reflexões propulsoras de um debate crítico em torno dos problemas de um mundo formatado pelo colonialismo e pelo imperialismo e, sobretudo, discussões curriculares pós-colonialistas fundamentadas no legado de Paulo Freire. Observamos, por fim, indícios de uma “Pedagogia dos Subalternos” compromissada com a desconstrução da subalternidade e voltada para o enriquecimento das capacidades humanas quanto à manutenção da vida e da dignidade das pessoas.