O objetivo do artigo é apresentar aos educadores a proposta kantiana para a formação moral e a autonomia dos adolescentes, a partir do exercício das faculdades da razão, de modo especial, da faculdade do juízo. Segundo essa proposta, a formação para a moralidade, que está relacionada à autonomia, consiste num procedimento que se assemelharia ao método socrático, de perguntas e respostas, na medida em que o educador despertaria a reflexão do seu aluno, apresentando-o casos concretos do cotidiano, os quais desafiam sua reflexão provocando o seu ajuizamento moral. Esse procedimento, e as noções que ele traz consigo, como as de “contradição”, “universalidade”, “fim em si” e “dignidade”, pode ser um bom caminho para levar os adolescentes ao desenvolvimento de sua moralidade, na medida em que, por meio de sua reflexão no ajuizamento daquelas ações, avaliaria se os princípios das ações, podem ou não ser universalizados. Nessa dinâmica, o educador conduz o seu aluno a pensar por si mesmo e a eleger, para si, máximas (princípios subjetivos) que possam estar de acordo com os fins mais elevados, os de sua razão, de modo a ser capaz de constituir o seu caráter moral. Esse artigo é fruto de uma pesquisa de caráter bibliográfico, cuja metodologia se caracteriza por uma análise dos conceitos, acompanhada de minuciosa exegese, visando aproximar as obras da filosofia prática de Kant à sua Crítica da Faculdade do Juízo (1790). O referencial teórico se apoia na interpretação de renomadas especialistas como BUENO (2012) e MUNZEL (1999). Elucidar conceitos como os de “reflexão”, “autonomia”, “moralidade”, “ajuizamento” e “caráter”, de modo a aproximá-los numa atividade que visa justificar os princípios pelos quais nossas ações se fundamentam e têm validade, é o que torna a proposta de Kant ainda atual, sobretudo para fornecer aos educadores alguns elementos para o seu trabalho educativo.