A violência contra mulher é reproduzida de forma velada. São processos naturalizados na sociedade de forma arbitrária e muitas vezes silenciados pelas vítimas. Para que as relações sociais sejam construídas com base em um sentimento de justiça, as vítimas necessitam de apoio e proteção. No entanto, a sociedade precisa conhecer e contribuir no sentido de fazer com que os agressores sejam punidos juridicamente. A lei 11.340/2006, lei Maria da Penha impõe desafios às instituições para que se constitua uma ampla e eficiente rede de enfrentamento à violência contra a mulher. E, destaca ainda a necessidade de se consolidar uma política afirmativa a partir do entendimento do fenômeno cultural e histórico de grande complexidade. Esse estudo tem como objetivo analisar a produção de sentidos no discurso do agressor. É uma pesquisa qualitativa e foi realizada na cidade Mossoró – RN. O corpus utilizado para análise são falas proferidas por sujeitos acusados por agressão que prestam serviço à comunidade como medida socioeducativa em instituições públicas. Essas falas são analisadas sob o viés discursivo da Análise do Discurso – AD, tendo como aporte leituras de Bourdieu (2012), Foucault (2015), Orlandi (2009), Gregolin (2006), Pecheux (2008) entre outros. Nos recortes discursivos é possível identificar a tentativa de negação e apagamento dos atos cometidos, bem como a naturalização do machismo que fortalece a submissão entre os gêneros. E, assim, a reprodução discursiva da violência e do poder. E, portanto, evidenciando as marcas discursivas nas quais esses sujeitos estão reproduzindo. A intenção do sujeito é dizer que não agrediu ou que não era intenção, ou mesmo que não necessitava da justiça, poderia ter sido resolvido com uma conversa entre ele e a vítima.