Este trabalho se propôs a analisar como o Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) no Brasil e o movimento Droit au Logement (DAL) na França têm atuado na incorporação de grupos de trabalhadores urbanos precarizados em suas fileiras de atuação política. O objetivo é apresentar como o MTST tem atuado politicamente em uma ocupação que realiza atualmente na cidade de Santo André (Lélia Gonzales), região metropolitana de São Paulo, e como o DAL tem atuado em uma ocupação que desenvolve em Paris, principalmente no que toca à formação política desses trabalhadores, que passaram a compor as ocupações em questão. Este projeto teve a intenção de se atentar a uma lacuna na pesquisa sociológica: a investigação da ação político-formativa nas ocupações de movimentos sociais como o MTST e o DAL, que historicamente estão associados unicamente à luta pela habitação. Sabe-se que os dois movimentos têm dado grande importância aos espaços formativos no interior de suas ocupações, além de considerar manifestações de rua e as relações com o Estado também como momentos de formação política. A metodologia consistiu em levantar bibliografia sociológica sobre os dois movimentos, a fim de melhor conhecê-los em suas múltiplas facetas. Na pesquisa de campo, consistiu em acompanhar os momentos de formação política como observador-participante, bem como na aplicação de questionários semiestruturados com os trabalhadores que frequentam os cursos de formação política nas ocupações. Concluiu-se que os movimentos consideram os momentos de formação como uma modalidade de ação política, fundamental para a luta pela habitação e para a conscientização política desse grupo social de trabalhadores urbanos precarizados sem-teto.