Em abril de 1963, ocorreu uma experiência inovadora que alfabetizou 300 jovens e adultos na cidade de Angicos, no Rio Grande do Norte (RN), por meio de práticas orientadas por Paulo Freire. Tal experiência ficou mundialmente conhecida como as 40h de Angicos, uma referência de prática bem sucedida na perspectiva da educação popular. Esse ano, completam-se 60 dessa prática revolucionária e muito interessa a todos redescobri-la, pelos vestígios da memória que presentificam o legado de Paulo Freire, na potência da transformação pela educação. Nesse escopo, o Grupo de Pesquisa FORMAÇÃO, coordenado pela professora Dra. Maria Ghisleny de Paiva Brasil, organizou uma aula de campo, no âmbito da UFERSA, congregando graduandos das três disciplinas dos cursos de Letras do campus Caraúbas. O objetivo deste trabalho é apresentar um relato de experiência dessa aula de campo, redescobrindo a experiência das 40 horas de Paulo Freire em Angicos. Esse relato justifica sua relevância na necessidade de fortalecimento da memória das práticas pedagógicas de Paulo Freire e do movimento de educação popular, que resistem a tentativas de apagamento e esquecimento. Por meio de nossa imersão, entramos na roda do tempo, nos Círculos de Cultura, conversando com a aluna das 40h, D. Eneide, circulando pela Escola José Rufino, pisando as pedras que guardam as marcas da esperança e da transformação resultante da capacidade de ler o mundo e as letras. Nossa vivência se entremeia com os escritos do educador e estudos que atualizam a perspectiva paulofreiriana de educação. Pensar o futuro é impossível sem memória. Por isso, compartilhamos os sentidos, sentimentos e aprendizagens que resultaram dessa atividade, na esperança de que ela seja valiosa para outros educadores e para que a experiência de Angicos possa fazer refletir sobre a potencialidade de nossas práticas presentes e futuras.