Ser mulher, em determinados contextos sócio-histórico e culturais, é sinônimo de esperançar, seja fora ou dentro do cárcere. É um constante movimento de (re)conquista de si e do mundo. Com base nesses pressupostos, este artigo tem como objetivo geral refletir sobre microrrelatos de uma jovem mulher, mãe, brasileira, que viveu em estado de privação de liberdade por 10 (dez) anos, sentindo nos aspectos físicos e psíquicos a interseccionalidade de opressões por ser mulher, negra e pobre. As bases teóricas deste estudo estão pautadas nos seguintes autores: Brandão (1985); Davis (1944); Freire (1992); Josso (2012); Larrosa (2015); Matos e Vieira (2002); Passegui (2011); Pollak (1989); Vila (19994), entre outros/as. A metodologia orientou-se por uma abordagem predominantemente qualitativa, fundamenta-se na pesquisa narrativa de história de vida e análise de microrrelatos. Com a narrativa da história de vida desta mulher negra, podemos compreender os percursos e percalços presentes no cotidiano de mulheres que buscam atuação em diversos segmentos sociais. É dever do Estado, como também da sociedade, a proposição e consolidação de políticas públicas para além do cárcere. É pensar na recolocação dessas mulheres no mercado de trabalho após suas vivências nas prisões, usando de formações já adquiridas, seja acadêmica, seja profissionalizante ou dos cursos ofertados dentro dos presídios como forma de aprendizagens, para que aconteça a reintegração social e educacional. Ao assumir outra concepção de ressocialização no âmbito da política carcerária evita-se reincidência no mundo da criminalidade e o preconceito enraizado. Portanto, só desta forma é que realmente pode existir a ressocialização social, política, econômica e financeira de cada mulher que está fora da prisão. Concluímos que este trabalho põe em perspectiva a necessidade pública de entender a importância da ressocialização social, do respeito e do redirecionamento após a experiência no cárcere para que seja evitada reincidência criminal e permanência ao crime.