Este estudo objetiva compreender as configurações que a abordagem da educação para as relações étnico-raciais tem a partir do ensino da sociologia no currículo do Novo Ensino Médio. A pesquisa demonstra os impactos resultantes do movimento compreendido como Reforma Empresarial da Educação (FREITAS, 2018, p. 38 e 39), que, no currículo da educação básica brasileira, chega as vias de fato por intermédio da Medida Provisória nº 746/2016, convertida na Lei 13.415/17, e da Base Nacional Comum Curricular – BNCC (2018). A partir da aprovação desses marcos regulatórios os sistemas de ensino apresentaram suas propostas curriculares baseando-se nos novos parâmetros estabelecidos. Adota-se como corpus para a presente pesquisa o Referencial Curricular do Ensino Médio do Estado da Paraíba (2020). A partir da análise evidencia-se a negligência a qual foi relegada a educação para as relações étnico raciais bem como os marcos regulatórios que tratam sobre essa temática. Nota-se a partir do estudo que, paralelo a diminuição, ou mesmo desaparecimento, da perspectiva das relações étnico raciais da proposta curricular analisada, há uma emergência de uma abordagem formativa centrada em valores, princípios propagados pelo neoliberalismo. O currículo é compreendido aqui enquanto resultado de uma produção político discursiva (SILVA; MOREIRA, 2019), partindo das contribuições de Laval (2003) e Dardot (2016), identificamos a ampliação das políticas neoliberais no campo da educação, o que concorre para o fortalecimento da ação de descredenciamento do espaço da sociologia como saber necessário para formação dos jovens. A pesquisa parte de abordagem qualitativa, sendo utilizado para fins de análise e interpretação de dados a análise de conteúdo na perspectiva de Bardin (1977) e da análise documental a partir de Godoy (1995).