No último meio século, vem crescendo a cada dia discussões sobre temáticas transversais, que envolve à identidade de gênero e de sexo com questões da homossexualidade, transexualidade, travestis, bissexualidade dentre outros termos. Debates bastante efusivo com conflitos de ideias e opiniões a respeito do que o sujeito decidiu como opção sexual e/ou vida, visto que a sociedade como um todo ainda está arraigada aos conceitos tradicionais de identidade. Desse modo, a literatura é espaço de criação e representação de um imaginário em relação ao mundo social. Os contos clássicos que perpassam séculos são gêneros narrativos de grande evidencia na representação do papel do feminino, e suas diversas versões e adaptações transmitem uma pluralidade de percepções no que condiz com a abordagem histórica e social das personagens protagonistas que muitas vezes são as princesas. O presente artigo tem como objetivo central analisar a questão de gênero no conto A ressurreição de Júlia, escrito por Lorelay Fox no livro Over the Rainbow (2016), obra que reformula os contos clássicos da literatura infantil sob a ótica LGBTQIA+. A metodologia, desta investigação, é de caráter bibliográfico-descritivo de cunho qualitativo (GIL, 2002; PAIVA, 2019). Para tanto, nossa fundamentação teórica baseia-se à luz do pensamento crítico de Foucault (1988; 1979; 2010), Bento (2008; 2014) e Butler (2003). A análise nos mostra que a realidade trans para recontar uma história canonizada pelo público infantil, é ocupar este espaço e mostrar as evoluções das formas e das possibilidades de vivenciar o feminino. A nova princesa não está mais presa a um castelo, hoje ela tem novas preocupações de sua própria subjetividade. Os novos estudos do sujeito moderno possibilitam uma maior compreensão das várias possibilidades de existir.