Na agenda de ações e políticas globais, as Nações Unidas instituem objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS) como um apelo para a melhoria das condições de vida da população na década 2020-2030. Dentre os objetivos direcionados ao contexto brasileiro, destaca-se o objetivo 4 “Educação de qualidade”, que visa “assegurar a educação inclusiva e equitativa de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todas e todos”; e o objetivo 10 “Redução das desigualdades”, que propõe “garantir a igualdade de oportunidades e reduzir as desigualdades de resultados, inclusive por meio da eliminação de leis, políticas e práticas discriminatórias e da promoção de legislação, políticas e ações adequadas a este respeito”. Tendo em vista tais ODS, discutiu-se o alinhamento dessa agenda global com as políticas nacionais de educação inclusiva. Ao mapear as políticas nacionais de educação foi possível verificar a sua convergência em relação aos ODS, bem como a ampliação de propostas de ensino e formação direcionados à aprendizagem baseada em competências, principalmente nas últimas três décadas. Para problematizar o ensino baseado em competências no contexto da educação inclusiva, foram estudadas Leis e políticas de educação que norteiam essa tendência, como a Base Nacional Comum Curricular (2018); a Resolução CNE/CEP n. 2, de 1 de julho de 2015 (BNC-Formação); a Lei 13.146/2015 – Lei Brasileira da inclusão e a Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da educação inclusiva (2008). A partir da análise das práticas discursivas presentes nos documentos o estudo mostra um paradoxo entre o desenvolvimento de competências na educação inclusiva e o desempenho dos alunos incluídos nas avaliações de larga escala. Essa relação paradoxal impacta na ampliação do direito à aprendizagem preconizada pelas políticas globais e nacionais de educação e na perspectiva de igualdade de oportunidades e redução das desigualdades de resultados para os alunos incluídos.