Este trabalho teve como objetivo refletir sobre a relação que o professor de Língua Portuguesa estabelece com o Livro Didático, mediante análise da prática docente. Para tal, orientamos nosso estudo e a construção dos resultados com base nas contribuições de estudiosos como Costa Val (2003; 2009); Santos (2007); Certeau (1994); Chartier (2000) e nas discussões acerca das mudanças no ensino de língua, prática docente, livro didático e o Programa Nacional do Livro Didático. Como instrumentos de coleta de dados, a fim de melhor atender às demandas do objetivo proposto, utilizamos entrevistas semiestruturadas e observações (LÜDKE & ANDRÉ, 1986). Para análise do corpus, utilizamos a análise de conteúdo temática (BARDIN, 1977). Como resultados, observamos que a relação – docente e livro didático – não é de passividade, posto que o professor, apesar de utilizar o livro, muitas vezes, “imposto” pela escola, não o faz de forma passiva, mas sim modificando suas propostas, excluindo ou incluindo outras atividades que julgue necessárias à sua prática; por outro lado, essas mudanças parecem ter relação com a aceitação, ou não, do tipo de proposta veiculada nos livros. Assim, enquanto as propostas de leitura e produção eram postas em prática sem alterações, o ensino de AL era acrescido de outras atividades. Nesse caso, a relação estabelecida entre a docente e o LD era de rejeição aos modelos propostos nas atividades de gramática. No entanto, havia concordância com o cumprimento e programação dos conteúdos de AL elencados no LD. Em suma, nossos resultados indicam que compreender o movimento real e legítimo na relação que os professores estabelecem com os manuais didáticos, ao ensinar gramática/análise linguística, é contribuir para um olhar atento a esta temática, que também precisa contemplar os diversos saberes e práticas mobilizados no cotidiano da sala de aula.