Os “trabalhos escolares”, sejam escritos ou orais, são instrumentos presentes no cotidiano de docentes e discentes da educação básica. Figuram como alternativas avaliativas até mesmo em planos curriculares de redes educacionais e nas propostas pedagógicas de unidades escolares. Entretanto, nem sempre há clareza quanto aos aspectos necessários a serem implementados em suas solicitações e atos avaliativos, para que ele possa se configurar como instrumento pedagógico formativo, que auxilie a aprendizagem dos/as estudantes. A partir de pesquisa empírica realizada com discentes e docentes das áreas de língua portuguesa, história e geografia, do ensino médio de duas escolas de Salvador/ BA, teve-se como objetivo compreender como são solicitados os trabalhos escolares e como eles são realizados e avaliados, investigando seu potencial formativo, de construção de conhecimentos, sobretudo quanto ao desenvolvimento de habilidades de pesquisa e de reflexão por parte dos/as discentes. Os dados mostram que os/as docentes os veem como alternativas importantes aos exames, pela possibilidade de desenvolver outras habilidades dos estudantes, mas que não atuam para a construção dessas habilidades, assumindo-os como instrumentos complementadores de notas, ou, ainda, como última chance de determinados/as estudantes recuperarem pontos necessários. Além disso, constatou-se que os/as docentes não expõem orientações suficientes sobre os critérios avaliativos e não orientam processualmente como construção de pesquisas o desenvolvimento dos trabalhos que solicitam. Em consonância, os discentes também não compreendem pressupostos para a elaboração de uma pesquisa, não construindo os trabalhos assim, geralmente fazendo paráfrases de conteúdos já existentes, e tendem a conceber os trabalhos como atividades menos tensas que os exames tradicionais e mais fáceis para obter os pontos que necessitam para avançar nas séries.