A produção do saber científico sempre esteve associada a homens brancos, colocando mulheres em um papel de coadjuvante. Ao realizar uma intersecção entre raça e gênero, as mulheres negras sofrem um processo de dupla desigualdade, tendo seus feitos científicos apagados. Oficinas Temáticas (OT) podem ser utilizadas como ferramentas para tratar o papel das mulheres negras na ciência, através de uma abordagem contextualizada. O objetivo deste trabalho é trazer um relato de experiência dos licenciandos em química sobre uma OT desenvolvida na educação básica, a qual tinha como enfoque articular o conteúdo químico de mistura e métodos de separação de misturas com a pesquisa desenvolvida por Alice Ball relacionada a extração do óleo de chaulmoogra para o tratamento da hanseníase. O estudo foi desenvolvido por meio de abordagem qualitativa, de caráter exploratório e descritivo. A OT foi elaborada por estudantes do curso de Química Licenciatura da Universidade Federal de Sergipe Campus Itabaiana, na disciplina que tratava de Relações Étnicas e Raciais no Ensino de Química, a qual foi construída baseando-se nos Três Momentos Pedagógicos (DELIZOICOV; ANGOTTI, 1990). No primeiro momento, percebeu-se que a maior parte dos alunos, com a aplicação dos cards com feitos científicos, associavam esses feitos a homens e não às mulheres, possivelmente devido à ausência de discussões nas aulas sobre essas temáticas. No terceiro momento, com a produção dos fanzines, os alunos conseguiram interagir e elaborar o material, em sua maioria, retratando a história de Alice Ball e o óleo de chaumoogra. Foi possível trabalhar nos estudantes, ideias pré-concebidas em seu processo formativo, relacionadas à presença das mulheres negras na ciência. Por fim, constatou-se que a aplicação da OT permitiu a articulação entre o conteúdo científico e a temática sobre mulheres negras na ciência, trazendo novos conhecimentos aos alunos e contribuindo na formação docente dos licenciandos.