No ensino de Química, o tradicional modelo de transmissão de conhecimento tem dado lugar a abordagens investigativas, nas quais os estudantes são protagonistas de seu próprio aprendizado, engajando-se em atividades práticas, experimentais e reflexivas. Nessa forma de ensino, se expressa uma iminente preocupação por parte do professor em possibilitar aos alunos a expressão do pensamento crítico, através da formulação de hipóteses e conclusões, para além de uma avaliação voltada apenas à aquisição de conteúdos específicos da Química. Assim, surge a oportunidade de explorar a interdisciplinaridade e a aplicação de teorias da Filosofia da Ciência, como a desenvolvida por Newton da Costa, para enriquecer o processo de ensino-aprendizagem investigativo nessa matéria do conhecimento. Sob a perspectiva do lógico brasileiro, a Ciência passa a ser percebida sob diversos fatores, como o histórico, social, conceitual e metodológico. No entanto, apesar de salientar a importância de aspectos como os mencionados, confere destaque especial para a criticidade, qual se apresenta como fator basilar para o conhecimento científico. A partir de contribuições como a lógica paraconsistente, Da Costa propõe a noção de quase-verdade, na qual as teorias científicas encontram validade, mesmo sob a possibilidade de serem falseadas, confinando-as a um determinado domínio de aplicação. Nesse trabalho, temos o objetivo de relacionar a teoria da ciência de Newton da Costa ao ensino investigativo em Química, buscando compreender quais os benefícios e desafios de sua articulação à sequência didática que envolve procedimentos experimentais. Pudemos concluir que essa associação pode atuar como potencializadora da apropriação da linguagem científica, quando a teoria da ciência de Da Costa demonstra capacidade de fomentar o pensamento crítico e a expressão lógica do conhecimento.