O Presente trabalho tem por objetivo ressaltar a importância da Escola de Alfabetização de crianças e adultos em Pedra Lisa, Baixada Fluminense do Rio de Janeiro, nas décadas de 1940 a 60. Lavradores, auto-identificados como posseiros, organizaram-se e mobilizaram-se de tal forma que romperam com paradigmas políticos e sociais da época. A Baixada Fluminense no começo do século XX era vista como o “nordeste sem seca. Esquecida pelos poderes e representantes públicos e elites cariocas, a Baixada se via imersa em diversos problemas derivados da má urbanização, saneamento e ocupação. Todavia, em meados da década de 1930, o governo federal realizou obras de saneamento e drenagem na região com o objetivo de colonizar e povoar o espaço. A partir dessas obras realizadas pelo Departamento Nacional de Obras e Saneamento ocorreu uma supervalorização das terras na região. Assim surgiram as disputas por terras e a Associação de Lavradores e Posseiros de Pedra Lisa que construiu a escola para alfabetizar os posseiros e seus filhos. Com a educação popular praticada em Pedra Liza, os camponeses buscavam transformar a realidade educacional, social e política dos lavradores-posseiros da região. Assim, a construção, gênese e desenvolvimento da Escola popular de Alfabetização de adultos em Pedra Liza ocorreu a partir deles e para eles, ou seja, foi um movimento totalmente genuíno dos anseios e demandas de uma classe que emergia como fundamental no cenário político da Baixada Fluminense na década de 50. O referencial teórico-metodológico desse trabalho se debruça na pesquisa documental e na história oral, pois a mesma além de permitir e contribuir para entender especificidades, particularidades e representações, foi, sobremaneira, peça-chave no diálogo com os atores sociais envolvidos no tema desse texto.