Durante toda a história da sociedade, o papel da mulher tem sido de luta e resistência. Seja contra uma sociedade genuinamente patriarcal e egregacionista, quanto opressora. Hodiernamente, pode-se visualizar os mais diversos níveis dessa opressão contra o gênero, sendo alvo de violências através de seus cônjuges, parentes, do poder público e de pessoas desconhecidas. É, portanto, indubitável compreender a complexidade da temática, com diversas vertentes, que implicam aspectos culturais, sociológicos, psicológicos, econômicos, etc. Posto que, não se trata somente da violência física em estado mais primitivo, mas sim, de certa construção social opressora que submete mulheres, mesmo que inconscientemente. Nesse viés, nota-se a importância da literatura para a desconstrução de dogmas intrínsecos à sociedade e na luta contra o patriarcalismo, ao passo que a abordagem de uma temática como a violência doméstica em obras contemporâneas estadunidenses em comparação a clássicos da literatura paraense, onde os autores buscam aguçar reflexões sobre temas tabus e gerar conscientização, em outras palavras, obras como It Ends With Us (HOOVER, 2021) e Hortência (CARVALHO, 1888). Por isso, essa pesquisa se constrói pela análise comparativa entre as personagens Hortência e Lily Bloom, e o papel da mulher em tempos diferentes na literatura, que se dá tanto pela superação, quanto pela total dominação de gênero. Logo, o objetivo deste trabalho guia-se pelos estudos da corrente sociológica, que se preocupa em analisar narrativas por meio de um eixo interpretativo que transcende os liames linguísticos e discursivos, tendo a obra como norteamento na provocação de reflexões críticas, acerca da violência de gênero, já que, a literatura possui certa função social a ser utilizada e que exprime para além da linguagem, mas, que compreende fenômenos particulares como universais. Para isso, se utilizou o método bibliográfico. Como embasamento para esse estudo, se utilizou dos teóricos: Goldmann (1989); Jovchelovitch (1994); Lukács (1999).