O presente trabalho promoverá um diálogo entre duas percepções de estudo da História da Educação, são elas: a Cultura Escolar e a Cultura Educacional. A primeira, concebida por Dominique Julia, se situa no estudo de uma cultura produzida no ambiente escolar como objeto histórico, conceito esse já estabelecido no ciclo acadêmico, e bastante trabalhado pelos pesquisadores brasileiros atualmente. Enquanto a outra perspectiva que buscamos, ainda não possui a notoriedade recebida pela abordagem introduzida por Julia. Entretanto, possui, uma abrangência que complementa algumas lacunas que não foram observadas no artigo que tornaria o conceito de Cultura Escolar evidente no campo da História da Educação. Nesse sentido, a Cultura Educacional idealizada pelo pesquisador Antonio Carlos Ferreira Pinheiro, complementa e abrange as fontes e as linguagens que podem situar o cenário educacional, dando ênfase às narrativas biográficas e memorialísticas como objetos de se fazer história e de levantamento de abordagens sobre temas escolares que vão além dos muros das escolas. Assim, os vazios percebidos por Julia em sua pesquisa, como o desconhecimento dos modos de se organizar das crianças para produzir burlas, e o que sobra da escola após a escola, podem ser respondidas por intermédio da percepção de Pinheiro de Cultura Educacional, que abrange as diversas linguagens produzidas por homens e mulheres que passaram pelo ambiente escolar e promoveram alguma expressão sobre tais assuntos e entre outros que abrangem o universo escolar. Estas ideias serão debatidas e problematizadas neste trabalho, em vista de estabelecer aproximações e distanciamentos que as duas abordagens possuem.