A Lei 10.639/03 torna obrigatório, no currículo escolar, o estudo da História e culturas de Áfricas e suas ancestralidades, lutas, resistências e contribuições sociocultural e econômica para a constituição do povo brasileiro. Diante desse contexto, o Letramento Racial Crítico torna-se pauta urgente, pois remete a uma práxis que educa a percepção sobre práticas socioculturais de linguagens racistas e convocam à insubmissão por meio de uma educação antirracista. Nesse sentido, este trabalho se insere no formato relato de experiência vivenciada durante o Curso de Pedagogia do Departamento de Educação, Campus VII da Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Tem como objetivos relatar e descrever criticamente uma proposta de Letramento Racial Crítico, realizado por meio da Literatura Preta “As tranças de Bintou” (2004). Ancoramo-nos teoricamente em Ferreira (2012), Mariosa (2011), Santiago (2015). Trata-se de uma pesquisa-ação realizada por meio de um “Ateliê poético e brincante: pretas inspirações”, que oportunizou práticas de Letramento Racial com crianças e suas famílias na comunidade do campo em Outeiro – município de Jaguarari – Bahia, em 2022, com a finalidade de desenvolver atividades potencializadoras de representatividades raciais como aporte inspirador de referências para a construção de identidades das infâncias pretas sertanejas. Essa experiência foi muito significativa para nosso processo formativo e também para as crianças e suas famílias, porque proporcionou interações, oportunidades de fala-escuta sensíveis entre comunidade, crianças e universidade; possibilitou a imersão na cultura afro-brasileira por meio de fotografias de personalidades pretas locais, regionais e internacionais, bem como deleite com a Literatura Preta.