Neste trabalho, objetivamos analisar a opressão linguística em contexto de diversidade social escolar a partir de um conto literário brasileiro. Para tanto, toma como corpus o texto "Nóis mudemos", do escritor tocantinense Fidêncio Bogo, no qual é pautada uma situação de violência simbólica contra uma variante linguística e, portanto, contra os falantes que a mobilizam. Narrado em terceira pessoa, o conto aborda o contato com o espaço escolar de um sujeito das margens e ali passa a vivenciar violências que o subalterniza como pertencente a campo cultural e linguístico legítimo. A partir disso, como aporte teórico, esta investigação mobiliza as concepções sociais de língua abordadas e complexificadas no campo da sociolinguística, articulando com o debate sobre educação crítica nas práticas sociais de leitura e escrita. Adicionalmente, organiza, pelo pensamento freireano, a reflexão em torno de uma educação opressora e emancipadora. Por fim, ampara-se nos estudos de letramento crítico, considerando que contextos sociais diversos precisam ser respeitados e incorporados na realidade política e pedagógica da escola, fazendo-se uma leitura crítica da aquisição da leitura e da escrita para fins emancipadores. É importante destacar que o domínio do código escrito, ao contrário do que defendem as políticas liberais de educação, não constitui apenas uma ferramenta para emancipação e desenvolvimento dos povos. Pelo contrário, em algumas searas, projetos de escolarização básica das massas servem a propósitos de opressão e ratificação da marginalização dos sujeitos, sobretudo quando não se questiona a que propósitos servem determinadas políticas de ensino.