O presente artigo objetiva analisar a proposta curricular da Escola Antônio de Sá Roriz para a promoção do conhecimento e valorização das práticas culturais da comunidade quilombola Mulatos, e sua contribuição no processo de construção de identidades e autoatribuição de quilombolas. A referida escola está localizada na Serra Mulatos, zona rural do município de Jardim-CE, e desde janeiro de 2022 consta no censo escolar da Educação Básica como uma Escola Quilombola, em decorrência de situar-se em território geográfico quilombola e atender a maior parte dos alunos oriundos da própria comunidade. Na análise consideramos o percurso de legitimação da escola e as transformações históricas, sociais e culturais que decorreram do processo de construção da memória e identidade quilombola nesta instituição de ensino. Assim, consideramos que uma proposta de educação decolonial visa elaborar uma narrativa própria, através de uma educação de quilombo. Portanto, problematizamos o currículo praticado na escola e sua relação com as vivências, tradições e os elementos étnicos raciais que definem a cultura dos povos afro-brasileiros. A análise está ancorada na leituras de Stuart Hall, Le Goff, Joel Candeou, Ramón Grosfoguel, Roger Chartier, Chimamanda e a Elza Nadai que apresentam os conceitos de identidade, memória, decolonialidade, representação, ensino de história e educação quilombola. A metodologia utilizada foi a realização de entrevistas com professores, alunos, equipe pedagógica e membros da comunidade, bem como análise dos documentos curriculares que regem o processo de ensino-aprendizagem da escola. A partir da análise podemos afirmar que o ensino da História e Cultura afro-brasileira não estão presentes na matriz curricular e nas atividades desenvolvidas pela referida escola.