Este estudo analisa a inclusão de estudantes autistas no Ensino Superior (ES), bem como os desafios em seu processo formativo. O Transtorno do Espectro Autista (TEA) consiste em um Transtorno do Neurodesenvolvimento, caracterizado pelas dificuldades de comunicação e interação social e por comportamentos restritos e repetitivos (APA, 2023). O ingresso de autistas no ES acompanhou o movimento de acesso e permanência iniciado na educação básica, é advindo de contextos escolares inclusivos, e está avançando nas modalidades de ensino e promovendo novas discussões também no ES. Vale destacar que a consolidação de políticas, como: a Política Nacional da Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (PNEEPEI/2008) e a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (Lei Nº 12.764/12), fortaleceram o movimento e tem possibilitado a reconfiguração da estrutura acadêmica para atender o TEA. Na graduação dois desafios permeiam essa inclusão, sendo eles: o primeiro consiste na reversão do olhar social e da desmistificação do estigma de incapaz, prisma historicamente consolidado aos indivíduos com deficiência. Santana (2017) escreve que nossas instituições ainda são homogeneizadoras nas atividades, e em muitos casos reproduzem as desigualdades sociais, na medida em que questionam a presença do aluno no ES ou oferecem a ele o mesmo tipo de ensino, privilegiando àque¬les com desenvolvimento típico. O segundo desafio consiste na necessidade de reestruturação pedagógica, considerando as especificidades do aluno, a implantação de estratégias curriculares adaptadas e o plano de ensino individualizado. É essencial que o educador conheça o diagnóstico desse aluno, suas potencialidades e déficits para estabelecer recursos apropriados para a compensação de sua dificuldade (VYGOSTKY, 1997). Desta forma, conclui-se que, promover discussões e informações a toda comunidade acadêmica, torna-se essencial para a desconstrução de concepções estigmatizadas, com vistas a reafirmar também que o aluno autista ocupe efetivamente seu lugar nas universidades.