Pensar em aprendizagem é estar diante da complexidade que nos constitui como sujeitos pensantes e aprendentes desde o nosso nascer. Como seres temporais, mutáveis e conscientes de nossa capacidade de aprender, desenvolvemos ao longo de nosso processo existencial o interesse em nos entendermos como seres aprendentes e para além do entender, almejamos potencializar esse processo para que o mesmo aconteça de forma eficiente. Nesta perspectiva, proponho neste ensaio a considerar uma nova perspectiva de ensino e aprendizagem de Biologia, em um movimento de quebra de paradigmas, rompendo com a episteme ocidental tradicional dualista e considerando a harmonização de aspectos que atravessam e instrumentalizam as relações de interação que construímos com o outro e o mundo ao nosso redor. Para percorrer o caminho de minhas reflexões, adoto como referenciais teóricos as dimensões de aprendizagem apresentadas por Lleris, considerando as evidências encontradas nas teorias neurofisiológicas, bem como na relação entre as estruturais neurais, memória e experiência. As teorias neurofisiológicas concentram-se nos mecanismos biológicos da aprendizagem. Pesquisas sobre a percepção, as emoções, a memória e a influência na aprendizagem e no ensino têm expandido o campo da neurociência. Levo em conta como tais fatores estão imbricados na aprendizagem e sigo ampliando o campo de discussão em direção à fenomenologia encarnada e sensível de Merleau – Ponty, o filósofo que nos provoca o debate sobre a concepção de inteireza do ser humano em contraponto aos dualismos impetrados na perspectiva de um ensino e aprendizagem cartesianista, elegendo a racionalidade como atributo primordial do conhecimento.