Os estudos sobre a subalternidade de identidades não normativas de gênero e sexualidade surgem nos anos 1980. Tais estudos ganham força e vêm como uma onda de reavaliação dos emergentes movimentos sociais de então (MISKOLCI, 2015). Os desdobramentos disso tocam diretamente áreas fundantes da sociedade, como a Educação, a qual, conforme já evidencia Freire (1996) e Bourdieu & Passeron (2016), carrega o rastro da ilusão de uma pedagogia desinteressada na história das lutas pela existência de corpos marginalizados. Seus fundamentos, como o de toda a sociedade, partem da ideia de que as pessoas preenchem um padrão binário de gênero, qual seja, o masculino e o feminino – por meio da designação de “homem” e “mulher” – e seguem o modelo heterossexual de vivências eróticas (LOURO, 2015). Na esteira de uma razão alinhada com esse pensamento, a política legislativa no Brasil tem promovido movimentos de negação às existências dissidentes de gênero e sexualidade, sobretudo às pessoas trans não binárias. Este trabalho é fruto de uma pesquisa intitulada “Linguagem não-binária no Brasil: disputas e tensões em discursos legislativos” cujo objetivo é entender a produção de sentido construída por projetos de lei (PLs) federais e estaduais proibicionistas da chamada linguagem não-binária (LNB), ou também conhecida como linguagem neutra. Nesta comunicação, mostraremos uma face deste estudo, apontando os resultados gerais dos argumentos constantes em 63 PLs, visando mapear o campo mais comum nesses documentos, que é o discurso contrário à sistematização dessa linguagem em sala de aula, uma vez que eles afirmam ser a LNB um prejuízo para a aprendizagem da língua portuguesa e um conjunto de mecanismos que não representa o objeto de ensino de português. Nossa pesquisa é crítica a essa proibição e demostrará aqui que argumentos são relevantes para detê-la.