O presente resumo é fruto de uma pesquisa intitulada como “TRAVESSIAS DE ESTUDANTES NEGRAS NA UNIVERSIDADE: VIOLÊNCIAS DE GÊNERO E RAÇA”, que teve por objetivo analisar como o assédio incide na travessia de estudantes universitárias negras na Universidade Federal de Viçosa (UFV). Por assédio, entendemos todas as formas de relações de poder e violências de gênero e raça sobre mulheres negras. Compreendemos que o assédio interfere de maneira objetiva na integridade das mulheres, incidindo em sua autonomia, liberdade, dignidade e autoestima. Metodologicamente a pesquisa se desenvolveu a partir de levantamento de dados sobre estudantes negras matriculadas na Universidade Federal de Viçosa no período de 2018 a 2020 e realização de 3 entrevistas com aquelas que se dispuseram a participar da pesquisa. Nos resultados, as estudantes consideram que o assédio é uma invasão à sua liberdade e que limita seus espaços no ir e vir no Campus. Em relação à suas corporeidades, por exemplo, escutam comentários e olhares que as hiperssexualizam ao passo que a desumanizam enquanto discentes negras. Em sala de aula já se sentiram inferiorizadas, tanto por parte dos colegas quanto dos professores, o que afeta o psicológico, inibe para tirar dúvidas nas matérias e atrapalha o rendimento acadêmico. O órgão da universidade responsável por receber as denúncias ainda é formado por homens brancos, o que também as fazem se sentirem desconfortáveis. A universidade como parte de uma sociedade em que o machismo e racismo imperam, a incidência do assédio e violências na vida das mulheres, sobretudo, mulheres negras, ainda é algo a ser combatido. Para isso, a universidade precisa investir e dar mais visibilidade ao combate, punindo investindo em campanhas conscientizadoras que envolvam toda a comunidade acadêmica; na criação de programas de acolhimento específico às vítimas das situações de assédio.