Nos últimos quatro anos da história política e social do Brasil, foi possível constatar que ocorreu um recrudescimento de debates, políticas públicas e até mesmo de produção de materiais didáticos que contemplassem a valorização da Educação para as relações étnico-raciais, identidade de gênero e a implementação de um currículo Intercultural nas escolas. Diante disso, surgiram uma série de lacunas, afetando assim, profundamente, o contexto educacional brasileiro, pois docentes e discentes permaneceram tolhidos no que corresponde à autonomia do processo de ensino e aprendizagem, o exercício da cidadania e o convívio respeitoso, plural e democráticos entre os sujeitos diferentes. As imposições e interditos que caracterizaram as relações de poder instituídas pela última gestão do governo federal (2019-2022) contribuíram para um aumento alarmante de situações de violência na escola, cujas raízes encontram-se na disseminação de discursos de ódio nos grupos de WhatsApp, Facebook e Instagram. Para reverter esse quadro de vulnerabilidade social que as escolas estão enfrentando, na contemporaneidade, faz-se necessário ampliar a concepção de currículo, ou seja, permitir que a pluriversalidade de etnias, crenças religiosas, discussões pertinentes à identidades de gênero se materializem no chão da escola. Tanto as práticas curriculares quanto a formação continuada docente precisam ser atravessadas pelas diferentes narrativas que perpassam o cotidiano dos estudantes afro-brasileiros, indígenas, ciganos e tantas outras etnias/gênero que estão presentes nos mais distintos estabelecimentos de ensino e são silenciadas através de um apagamento sistêmico e institucionalizado.