O processo de passagem da fala para escrita é cercado pelas marcas de oralidade que frequentemente são encontradas em produções textuais de alunos do Ensino Fundamental (Anos Finais). Quando se trata de um gênero textual escrito e de registro mais formal, essas marcas acabam sendo inadequadas, ao contrário de um gênero digital oral e informal, por exemplo, do qual são características. Nossa hipótese é que o letramento digital no cotidiano, durante e após o período pandêmico, interfere na escrita dos estudantes. Isso se dá, provavelmente, por desconhecerem os aspectos que caracterizam e diferenciam os gêneros. Em busca de respostas, aplicamos uma atividade didática aos alunos do 6º ano de uma escola municipal de Santana de Parnaíba - SP, baseada na proposta de sequência didática de Dolz e Schneuwly (2004), em que se compararam artigo de opinião e vlog científico produzidos pelos alunos com o objetivo de que refletissem sobre as particularidades, a composição e o estilo de cada um. Tendo em vista os pressupostos teóricos de Antunes (2012), Bakhtin (2016), Marcuschi (2010) e Rojo (2009), identificou-se nas produções escritas dos alunos a interferência de gêneros digitais orais, levando em consideração a relação entre as marcas de oralidade, a cultura e o letramento digital. Nos resultados preliminares pode-se perceber uma maior compreensão da relação entre oralidade e escrita que costuma ser reduzida à ortografia e truncamentos; o que facilitou o ensino das escolhas lexicais mais adequadas a cada gênero, de modo que os alunos possam transitar entre ambos. Esse contato efetivo pôde propiciar adequações ao texto escrito quanto às marcas de oralidade e quanto aos usos adequados da língua numa dada situação, pois para cada situação comunicativa, há objetivos diversos relacionados ao uso da escrita e da oralidade.