Percebe-se que, em muitas escolas, o ensino de Língua Portuguesa ocorre de modo conteudista, levando o aluno a acreditar que está na origem do dizer, a ter a ilusão de que o seu discurso só pode ser dito daquela forma. Sobre a autoria em artigos de opinião produzidos pelos discentes, observa-se que a concepção de autor está associada, geralmente, à ideia de escritor de obras artísticas, literárias ou científicas. Com isso, a escolha deste trabalho de pesquisa justifica-se por um certo incômodo no processo de avaliação de produções dos discentes no contexto escolar, limitando-se à análise textual, a aspectos gramaticais, considerando o texto como uma unidade homogênea, objeto acabado, sem levar em conta o efeito imaginário, ilusório de unidade, lugar de dispersão de sujeito. Outro motivo se dá por entender também que, no trabalho com os textos argumentativos, o sujeito não basta apenas apresentar bons argumentos para a sustentação da tese, mas constituir seu arquivo para que ocorra a assunção da autoria, com ênfase na tipologia discursiva, nos processos parafrástico e polissêmico, nas condições de produção, nas posições do sujeito, na ideologia e no interdiscurso. Dito isso, para atingirmos nossos objetivos, o presente trabalho apoia-se nos pressupostos teóricos da Análise do Discurso de linha francesa, a AD, pautados nos estudos de Pêcheux, principal representante na França (1960), e no Brasil, Eni Orlandi (2007;2012), Freda Indursky (2001) e Soraya Pacífico (2012). Assim, nesta pesquisa, a metodologia adotada apoia-se na abordagem qualitativa, tendo em vista a análise discursiva de recortes de artigos de opinião, observando neles a tensão entre a paráfrase e a polissemia, a presença de marcas de autoria no funcionamento discursivo, as formas de repetição de sentido no texto, partindo do pressuposto de que o sujeito pode ou não ocupar a posição de autor do seu discurso.