SANTOS, Ingrid Vanessa Souza et al.. . Anais IX CONEDU... Campina Grande: Realize Editora, 2023. Disponível em: <https://editorarealize.com.br/artigo/visualizar/97114>. Acesso em: 23/12/2024 02:01
A ficção científica tem um longo histórico de utilizar seus tropos para tratar de alteridade e de violências sofridas por minorias sociais, sobretudo, pelas mulheres. No entanto, mesmo com o potencial de aplicação didática, este gênero literário ainda segue subutilizado no contexto de ensino. Deste modo, visando abordar o modo como a misoginia e a opressão patriarcal são retratadas na ficção científica como gênero literário, analisamos o conto “Quem sabe um dia, no futuro”, escrito por Alex Luna para a antologia Universo Desconstruído (2013). No conto supracitado, acompanha-se a rotina de uma Esposa, espécie de robô com fisionomia feminina que é obrigada a realizar tanto trabalhos domésticos quanto serviços sexuais mediante as vontades de seu usuário humano. Com isso, abordaremos como o conto utiliza o ícone da robô feminina para refletir sobre os diferentes tipos de violência de gênero sofrida por mulheres. Num segundo momento, criamos estratégias de leitura crítica do conto em sala de aula. Para ampliar nossa discussão, utilizamos como aporte teórico os conceitos de Ginway (2005), Roberts (2018), Haraway (2009), hooks (2020), Cosson (2009) e Solé (2014). Evidenciamos, portanto, que o elemento da robô com características femininas num papel de completa subserviência manifesta o desejo patriarcal da perda de autonomia da mulher, bem como o da objetificação desta. Por conseguinte, o contributo desta obra se dá através do uso do senso do maravilhoso para aproximar o aluno da narrativa e estabelecer uma leitura crítico-reflexiva acerca dos diferentes tipos de violência de gênero.