Este estudo, a partir de uma abordagem qualitativa, tem como objetivo apresentar alguns resultados de uma pesquisa de Doutorado, realizada com o grupo indígena Tupari, localizado no Estado de Rondônia, Região Norte do Brasil. No que se refere ao campo teórico, apoiou-se nas contribuições pós-críticas do campo dos Estudos Culturais, em pressupostos das teorias Pós-Coloniais, em autores do Grupo Modernidade/Colonialidade e em outros que foram possíveis articulá-los à produção do texto. A produção dos dados, de caráter qualitativa, teve como inspiração os procedimentos etnográficos, além de entrevistas narrativas ressignificadas, uso de fotografias, diário de campo e observação. Com base nos dados produzidos por meio dos campos teóricos e do campo empírico foi possível perceber que o diálogo entre os saberes indígenas e não indígenas no decorrer histórico, criou processos de circulação e articulação de saberes no contexto da etnia Tupari. A partir desse entendimento é válido compreender que a matemática não indígena tem sua importância efetivada nas relações sociais cotidianas, bem como no espaço escolar. Por outro lado, a circulação da matemática ocidental não acontece de forma homogênea, pelo contrário, o saber matemático indígena atravessa essas relações por meio de ferramentas próprias dos Tupari, como por exemplo, o uso da língua Materna. Nesse sentido a língua funciona como uma estrutura tradicional de se fazer e pensar matematicamente, uma matemática indígena oral. A partir do uso da língua é possível entender a articulação enquanto estratégia de resistência da própria cultura. Tal entendimento se efetiva porque o uso dos saberes matemáticos não indígenas, se unidos dentro dos movimentos de luta, das organizações tradicionais, dos aprendizados cotidianos, funciona como instrumentos de aprendizagem intercultural.