Este trabalho tem como objetivo relatar a experiência da aula de campo realizada na comunidade indígena do Catu, localizada entre os municípios de Canguaretama e Goianinha, estado do Rio Grande do Norte. Realizada como atividade da disciplina Educação do campo, ministrada no curso de Pedagogia, o trabalho de observação tinha como objetivo conhecer a experiência de educação escolar indígena da Escola Municipal Indígena João Lino da Silva e vivenciar práticas de intercâmbio cultural dos povos Potiguara do Catu dos Eleotérios. A metodologia consiste em uma pesquisa exploratória, configurando-se em um estudo qualitativo, utilizando-se da observação direta. Nos amparamos teoricamente nos estudos de Cardoso (2019), Ciaramello (2014), Tuxá (2021), Bourdieu (1989) e Santos (2020), dentre outros. Durante a aula de campo, realizamos uma trilha na comunidade vivenciando o ambiente natural, o modo de vida, as rotas de resistências e, ao mesmo tempo, nos aproximamos dos processos e contextos de ação política organizadas pela comunidade em favor do reconhecimento da existência de povos indígenas no Rio Grande do Norte, do acesso à escola indígena e do direito de vivenciar uma educação que respeite a história dos povos indígenas. Como estratégia para se manter como uma escola indígena, as noções da língua Tupi ministradas em sala de aula para crianças se colocam como um elemento de pertencimento, de identidade e de mediação de um ensino para diversidade e de valorização da escola do campo. Com base nas observações, compreendemos a aula de campo como instrumento de articulação do conhecimento teórico e prático e, ao mesmo tempo, um momento enriquecedor para a formação docente e humana dos estudantes.