O presente trabalho discorre sobre as contribuições da escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie aos debates sobre raça e identidade por meio da análise da obra Americanah (2014). O romance, marcado por um tom incisivo e realista, atua no sentido de transpor para a literatura toda a tensão inerente ao cotidiano de sujeitos pós-coloniais submetidos a uma condição de subalternidade e de não pertencimento. Propõe-se, neste estudo, tecer uma análise acerca do sujeito diaspórico, através de um olhar crítico acerca das relações de poder presentes no contexto da diáspora. O corpus desta investigação compõe-se de excertos narrativos centrados nos protagonistas Ifemelu e Obinze. Sujeitos ficcionais que, ao deixarem sua terra natal, vivenciam a experiência de deslocamento e de reposicionamento identitário advindo da mobilidade transcontinental. Sob esta perspectiva, examina-se o espaço diaspórico tensionando o sentimento de não pertencimento decorrente da mobilidade geográfica. Em termos conceituais, as fontes teóricas utilizadas atuam na construção empírica da relação entre a obra e temáticas como identidade, gênero e raça, sendo elucidativos para o entendimento dos desafios do sujeito no espaço diaspórico, que enfrenta barreiras de adaptação, empregabilidade e de reconhecimento da sua autoimagem enquanto africano migrante. A leitura analítica dos dados sinaliza que os deslocamentos vivenciados pelos personagens em suas respectivas trajetórias enquanto migrantes possibilitam questionamentos sobre o papel da diáspora na formação de identidades híbridas.