Diante da construção histórica brasileira com relações sociais marcadas por diferenças raciais, o ensino de história tem um papel fundamental na problematização de um passado que estruturou o racismo e provocou um silenciamento da história do povo negro, mesmo com evidências de suas resistências. Essa invisibilidade epistemológica levou a um processo de reconhecimento lento ou até mesmo de negação da autopercepção racial dos sujeitos negros (GOMES, 2017). Perante a defasagem da aplicabilidade da lei 10.639 (BENEDITO e CARNEIRO, 2023) na educação básica, percebamos que diversificar a didática em histórica para repensar as questões étnico-raciais é urgente e o cinema é uma ferramenta significativa nesse processo. Nessas duas primeiras décadas do século XXI presenciamos um movimento crescente do universo cinematográficos de super-heróis (PINTO, 2018) e vemos o quão grande é seu impacto nas diversas plataformas audiovisuais e nas redes sociais. Com esse movimento, o lugar dos super-heróis racializados no cinema vem junto a esta crescente e estes protagonistas e/ou coadjuvantes negros (T’Challa e Shury como Pantera Negra, Nick Fury, Miles Morales como Homem Aranha, Falcão como Capitão América, Mônica Rambeau, etc.) que estão em evidência, despertam o interesse das juventudes. Esse movimento de atração aos filmes de super-heróis é uma ferramenta significativa que refletida em sala de aula possibilita a construção da autopercepção racial nos estudantes, atrelada ao importante papel que o ensino de história tem ao ressignificar observações e produzir percepções nos estudantes, atribuindo sentidos a seu modo de ver e perceber o mundo. Desse modo, será possível pensar significativamente a história do povo negro em sala de aula em sua pluralidade, vivências, protagonismo e promover com os sujeitos educacionais conexões ancestrais, afetivas, de pertencimentos, de forma que o ensino de história não seja mais tão colonial (QUIJANO, 2009), que busque, portanto, romper com a colonialidade (PEREIRA, 2018).