O artigo é fruto de uma pesquisa de mestrado que teve, como objetivo central, estudar a tradição da farinhada, em particular, saberes-fazeres culturais do modo artesanal de fazer farinha de mandioca como uma prática educativa cultural comunitária, no assentamento, Planalto do Retiro, localizado no município de Touros, Rio Grande do Norte- Brasil. Este artigo traz um recorte desse trabalho que aborda o espaço da casa de farinha como um lugar de relações de convivência e de socialização de saberes-fazeres educativos, assim como da manutenção das práticas culturais ancestrais e de geração de renda dos sujeitos pertencentes a essa cultura local. Como base teórica, este estudo estabelece um diálogo com Sabourin e Brandão quando retrata os conceitos de relação social de reciprocidade, amizade e resistência, quanto ao viés educativo, trouxemos Freire e Brandão para discutir sobre processo educativo nas práticas cotidianas dos sujeitos da agricultura familiar, já na abordagem de saberes-fazeres, optamos por uma abordagem que caracteriza-os como uma rede pluridimensional de manutenção dos valores ancestrais, defendida por Certeau. Também utilizamos os autores Saquet e Yi-Fu Tuan na perspectiva de conceituar o espaço de trabalho como uma identidade e demarcação de território por um viés de valores tradicionais, experiências e simbologia. No que tange ao caminho metodológico, o estudo foi de base qualitativa e exploratória, com procedimentos que envolveram conversas, entrevistas narrativas, observação participante e registros fotográficos. Com a produção de coletas de dados, foi possível compreender a ligação de pertencimento que as assentadas e os assentados têm em relação à casa de farinha, como também a inter-relação de união e socialização de conhecimentos culturais que esse espaço proporciona às moradoras e aos moradores do assentamento.