O ensino realizado nas instituições de educação superior brasileiras tem, cada vez mais, se utilizado dos métodos ativos – conjunto de métodos que tenham o aluno como centro do processo da aprendizagem. Sua premissa básica consiste em atribuir ao aluno a responsabilidade principal pelo desenvolvimento do seu processo de aprender, deslocando-o da posição de passividade para a uma condição de agente do próprio saber. O papel do professor também é alterado, uma vez que se desaloja da condição de ministrante de um saber e/ou conhecimento, para o papel de mediador pedagógico. O uso dessas metodologias ditas ativas visa romper os padrões tradicionais do ensino. Porém, o presente trabalho questiona se o uso de metodologias ativas no ensino superior pode resultar em uma nova relação no processo de ensinar e aprender. Problematiza-se que, embora essas metodologias sejam importantes, elas não são suficientes para mudar a cultura de ensino e aprendizagem em si. Nesse sentido, utilizando-se de uma revisão integrativa de literatura, discute-se a estrutura conceitual dessas metodologias, sobretudo o protagonismo do aluno e o papel do professor como mediador. Para além disso, utiliza-se da concepção freiriana de autonomia e formação emancipatória e crítica dos sujeitos, na defesa de uma mudança educacional que transponha aspectos meramente metodológicos. Com base na perspectiva de Paulo Freire, anuncia-se que, para superar a educação padronizada e promover a criticidade, a autonomia e o livre pensamento, é necessário mudar a cultura do ensino e da aprendizagem e compartilhar essa concepção em termos institucionais mais amplos. Assim, parte-se de uma concepção de educação superior que entenda a necessidade de integração com a realidade, da não acomodação, bem como da capacidade de atuar criticamente. Uma educação superior como meio que permita aos seres humanos fazer escolhas que os levem à capacidade de negar a subjugação a comandos externos.