O presente trabalho trata-se de um recorte de pesquisa de doutorado em andamento. O objetivo geral da pesquisa é evidenciar os efeitos dos sentimentos de injustiça e reconhecimento denegado na experiência escolar de jovens de periferia urbana. Entretanto, para este artigo focalizaremos em um aspecto que tem emergido em nossa investigação, o da falta de escuta, por parte da escola, como desencadeador de sentimentos de injustiça, nos estudantes. A noção de Injustiça Escolar e os sentimentos atrelados a ela, são tomados, neste trabalho, a partir das teorizações de François Dubet (2008; 2014). Já a necessidade de uma escola que escute as juventudes, é problematizada a partir dos escritos de Paulo Freire (1996; 2012; 2018). A construção dos dados deste recorte da pesquisa foi realizada através de grupos focais vivenciados com jovens estudantes de uma Escola Municipal localizada em região periférica da cidade de Lages-SC. Participaram dos grupos, estudantes matriculados em turmas de 9º ano do Ensino Fundamental dos períodos matutino, vespertino e noturno. Consideramos a pertinência de pesquisas que envolvam o cotidiano escolar de jovens estudantes, pois é possível identificar importantes lacunas na formação docente no que tange ao trabalho pedagógico com as juventudes. Enquanto, para os futuros pedagogos, os processos de formação inicial estão repletos de problematizações e teorizações acerca da infância, as demais licenciaturas, via de regra, pouco discutem especificidades juvenis e suas relações com a escola. Frente a essa realidade, a fala dos participantes de nossa pesquisa, demonstra a urgência da efetivação de uma escola que escute as juventudes. Nesse sentido, quando professores e estudantes se escutam mutuamente e, desta forma, constroem diálogos, o cotidiano escolar juvenil é transformado em um lugar do encontro. Uma “postura escutatória”, que busca dialogar e compreender, pode influenciar inclusive os comportamentos estudantis, que muitas vezes são considerados inadequados pela escola.