A presente análise configura-se como uma pesquisa de caráter bibliográfico, que busca discutir determinadas questões impostas pelo domínio eurocêntrico e incumbidas no imaginário social, sendo essas temáticas contemporâneas encontradas na literatura infanto-juvenil, a exemplo do combate ao racismo estrutural e da intolerância religiosa. Essa discussão será efetivada por meio da análise da obra do rapper Emicida, “Amoras”, tratando-se do seu primeiro livro infantil, em que dialoga poesia com representatividade. Na obra são tratadas questões como amor a negritude e pluralidade de crenças, além de apresentar referências inspiradoras para o público infantil, como Zumbi dos Palmares e Martin Luther King, de uma maneira simples e poética. A importância de discutir tais questões através de uma obra infantil está na concepção de que a literatura proporciona, aos pequenos, padrões de leitura de mundo. Dessa forma, conceberemos a referida obra não apenas pelo viés estético, mas também pelo viés crítico, desenvolvendo na criança a criticidade frente às imposições sociais e os precavendo de eventuais preconceitos, além de destacar a representação tão importante na construção do indivíduo. Desse modo, o presente artigo abarcará tanto a diversidade de realização estética, como maneira de centralizar a experiência de leitura, quanto a diversidade social, propiciando um diálogo entre literatura e reflexões étnicas. Como pressupostos teóricos metodológicos serão contempladas as contribuições de Cademartori (1991), Rosemberg (1984) e Hooks (2019).