O texto apresenta os resultados da pesquisa de pós-doutorado que realizei na Université Paris Descartes. Esta teve por finalidade discutir a formação de professores para atuar na escolarização de surdos, usando como metodologia o estudo comparado entre o Brasil e a França. A proposta de um estudo comparado se pauta nas relações que podem ser estabelecidas entre as experiências analisadas, contribuindo assim, para que cada sistema separadamente possa refletir sobre as suas propostas e se transformar. Nossas análises se fundamentaram em documentos legais, documentos institucionais, entrevistas e observação. Alguns autores, como Tedesco e Fanfani (2004), Tardif e Lessard (2005), Nóvoa (2010), Perrenoud (2002, 2013) e Gatti (2015) tornaram-se interlocutores privilegiados, ajudando-nos a entender as mudanças pelas quais passa a sociedade e o impacto sobre o trabalho docente e a formação de professores. Já os autores Benvenuto (2013), Geffroy (2015), Cuxac (2013), Rocha (2010) e Bueno (2012) fizeram parte do nosso diálogo no campo da surdez e da educação especial. Através desta pesquisa foi possível identificar e analisar as principais instituições, brasileiras e francesas, que propõem uma formação de professores específica para atuar com surdos. Alguns aspectos se destacam nas análises: a existência de um número pequeno de programas de formação de professores, muito aquém da necessidade destes dois países, dado o modelo de inclusão presente em ambos; o lugar que ocupa a língua de sinais nas propostas de formação, já que em algumas ela é inexistente e em outras ela é colocada como ponto crucial e a importância consagrada a temas centrais nos estudos do campo da surdez, tais como: especificidade lingüística, cultura surda, identidade surda e bilingüismo, questões estas que são tratados com maior ou menor foco nas experiências de um país em relação ao outro.