Este trabalho se propõe a analisar a escrita de uma pesquisadora negra e queer, com o objetivo de compreender as condições e espaços que a autora ocupa para expressar sua escrita. Utilizando a abordagem teórico-metodológica da escrevivência postulada por Conceição Evaristo, a pesquisa busca identificar as facetas da escrita na vida da autora, especialmente em relação à resistência e ressignificação de experiências escolares e pessoais. Para tanto, foi utilizado um recorte dos diários pessoais escritos pela pesquisadora no período entre 2012 e 2022. O estudo faz parte de uma pesquisa de doutorado em andamento intitulada "Escrevivendo uma trajetória de sonhos: memória de educação de mulheres negras". Os resultados preliminares indicam que a escrita se apresenta como um lugar de potência e criação para a pesquisadora, que encontra na expressão escrita uma forma de resistir às opressões sofridas em razão de sua identidade. Através dos diários pessoais, a autora consegue dar voz às suas vivências e experiências, reafirmando sua existência e identidade. A abordagem da escrevivência se mostra fundamental para compreender as nuances da escrita da autora, que busca criar um espaço para si e para outras mulheres negras e queer. Assim, a pesquisa contribui para ampliar as reflexões sobre o papel da escrita na vida de grupos historicamente oprimidos e esquecidos, trazendo à tona as experiências e vozes dessas pessoas. Além disso, destaca a importância da abordagem da escrevivência para a análise da produção textual de grupos marginalizados, que muitas vezes têm suas vozes silenciadas pela academia e pela sociedade em geral. Através dessa pesquisa, é possível observar a potência e o valor da escrita como ferramenta de resistência e ressignificação para a autora e para outras mulheres negras e queer.