O objetivo geral deste trabalho foi analisar porque o misticismo quântico, principalmente na figura de Amit Goswami, afirma que o teorema de Bell é a base das explicações de suas práticas e teorias, em particular no que toca à ideia de “não localidade”. Os objetivos específicos foram analisar quais são as características culturais, sociais e filosóficas do misticismo quântico, bem como analisar se a dinâmica do misticismo quântico, enquanto fenômeno social e cultural, incide de alguma maneira na pesquisa física, já que muitos de seus representantes são físicos. A física quântica tem mexido profundamente com os alicerces da Física, da ciência em geral, da cultura e da Filosofia desde o primeiro quartel do século XX. Apesar das inúmeras aplicações tecnológicas da física quântica, as controvérsias em torno de seus fundamentos permanecem. Hoje é possível compreender melhor a física quântica justamente em decorrência dessas controvérsias, e também das diversas pesquisas científicas que ela alimentou ao longo das últimas décadas. Existe uma controvérsia científica em torno do teorema de Bell, em relação ao princípio de “não-localidade”, que está diretamente relacionada a suas implicações filosóficas, sociais e culturais, que podem ser também, em uma via de mão dupla, seus condicionantes. De forma geral, o teorema desfruta de aceitação na comunidade científica, mas há pesquisas e trabalhos publicados que o refutam, alimentando o debate e a produção acadêmica em relação ao tema. O fenômeno sociocultural do “misticismo quântico”, que será apresentado, considera o teorema de Bell a base de suas explicações e práticas. Constata-se que há uma influência da produção científica em diversas dinâmicas sociais. Em uma via de mão dupla, a ciência também é forjada em um contexto social. A produção científica e as dinâmicas sociais estão intrinsicamente ligadas e se retroalimentam.