Esse trabalho é uma crítica à produção de conhecimento no campo da geografia música, centrado no caráter da insuficiência crítica do campo e no potencial reacionário da teoria. Essa insuficiência teórica se expressa, na geografia que trata a cultura no âmbito da música, no ecletismo típico de uma ciência ainda restrita à justificativa da burguesia enquanto classe dominante. Como consequência, tem-se uma geografia "da" música sem vinculação ontológica, apresentando um apelo irracionalismo e ao formalismo. Ocorre, dessa forma, uma dupla decadência na produção de conhecimento: um lado, alguns que ainda se fixam ao pensamento econômico neoclássico, se esforçando para compreender a cultura numa raiz epistemológica marcada por sua ideologia burguesa e vulgar; e de outro, a corrente humanista, desprendida do historicismo e atada a uma semiologização da realidade, ou hipostasiação dos sentidos para apreender apenas subjetivamente a realidade. Ambas acabam se complementando, mistificando a ontologia e reafirmando a ordem burguesa ao se ver numa incapacidade crítica dado à sua própria decadência científica. Exilam-se categorias como a práxis, a dialética e a revolução para se concentrarem numa solução harmoniosa do capitalismo. Em última instância, essa insuficiência teórica acarreta numa teoria reacionária.