O plano diretor aparece na Constituição Federal de 1988 como instrumento básico da política urbana. O conceito, no entanto, está ligado ao planejamento urbano desde 1930, e se difundiu de modo tecnicista, respaldando as estratégias das classes dominantes para produção e ocupação do espaço. Os planos acabaram se tornando uma atividade fechada em si própria, como aconteceu em Londrina-PR, cuja primeira lei é de 1968 e, no decorrer do tempo, não saiu do papel. A possibilidade de mudança desta realidade surgiu com mobilizações populares nas décadas de 70 e 80, culminando na conquista do Estatuto da Cidade, uma lei que, dentre vários avanços, reconheceu a necessidade de participação social como premissa para a democracia. Assim, diante das exigências incorporadas ao planejamento urbano, já no século XXI, buscou-se verificar o envolvimento da população nas revisões dos planos diretores em Londrina, considerando os processos de 2008 e 2022. O objetivo é investigar como se caracteriza a participação nas etapas iniciais de cada revisão, a partir de documentos que descrevem todos os trabalhos realizados, disponíveis em site do Município. Para tanto, foi utilizada uma metodologia de abordagem qualitativa e análise crítica das informações. Os resultados indicam que, apesar do Poder Público defender e incentivar a presença da população nas discussões acerca da cidade, a participação é mínima na realidade londrinense, o que pode estar relacionado ao “analfabetismo urbanístico” identificado pela urbanista Ermínia Maricato.