Mais do que um produto visual, a paisagem é uma produção cultural, material e subjetiva, construída socialmente. O elemento condutor dessa construção social em áreas litorâneas é o mar, com variadas formas de representação deste como recurso vivido e imagético. Desde referenciais turísticos, portuários, de biodiversidade e de desenvolvimento, na Baía de Castelhanos em Ilhabela, município do Litoral Norte de São Paulo, destaca-se o mar como referencial cultural do modo de vida caiçara e como objeto de proteção ambiental de Unidades de Conservação (UCs). Ambas representações são tensionadas em suas formas de controle e uso do território e da paisagem. Aqui, destaca-se a demanda da população caiçara da baía pela consolidação da Reserva Extrativista de Castelhanos (RESEX) para garantir a regularização fundiária e o acesso à paisagem e o território localizados no Parque Estadual de Ilhabela (PEIb) e na Área de Proteção Ambiental Marinha Litoral Norte (APAMLN). Com esse objetivo, propõe-se discutir como a RESEX Castelhanos representa um território e uma paisagem simbolicamente e culturalmente construídas, frutos de uma maritimidade como patrimônio, de um ambiente aquático vivenciado e concebido culturalmente. E assim, discutir como as UCs podem dar significado à proteção do mar não só como objeto de biodiversidade mas como cultura, patrimônio e memória.