Desde o final da década de 1990 e início dos anos 2000, a cultura marginal/periférica ganhou destaque na cena cultural de São Paulo, se apropriando do espaço urbano, valorizando as periferias empobrecidas e questionando a valorização da cultura de “centro”, aquela dos espaços prestigiados pela sociedade. Essa cultura é praticada majoritariamente pela juventude negra e se tornou uma forma de expressão, sociabilidade e lazer, interferindo na constituição das identidades e nos entendimentos acerca de questões sociais como racismo e gênero. Nesse sentido, o artigo objetiva apresentar a territorialização das manifestações da cultura marginal/periférica na cidade de São Paulo (SP) e discutir como, por meio da palavra (poesias e raps), as juventudes dos coletivos entendem a temática racial e podem contribuir na luta antirracista. Os procedimentos metodológicos adotados foram levantamento e fichamento bibliográfico, buscas por coletivos nas redes sociais Instagram e Facebook, trabalhos de campo em eventos de São Paulo, interpretação de poesias e elaboração de mapa pelo software QGis. As manifestações da cultura marginal/periférica consideradas são batalhas de rima, slams e saraus. Além disso, a categoria Território é acionada para a discussão, por proporcionar entender as coexistências de diversidades e relações de poder e negociação que são estabelecidas a partir da territorialização da juventude negra no espaço urbano, por meio da cultura. A palavra é central para a cultura marginal/periférica e proporciona que pessoas negras se expressem e, principalmente, sejam ouvidas.