Há duas décadas, ao menos, ouvimos falar com maior frequência a respeito de mídias digitais, de gêneros digitais e de redes sociais. Em função desses acontecimentos, vimos surgir discussões em torno dos temas letramentos múltiplos, multiletramentos, sujeitos letrados e multiletrados etc., como sendo próprios desses eventos tecnológicos da contemporaneidade. Neste trabalho, pretendemos analisar tais fenômenos numa perspectiva sócio-histórica e discursiva, observando-os em diferentes momentos, em diferentes mídias e em diferentes gêneros, a fim de identificar de que modo os sentidos dos textos são construídos na dependência dos multiletramentos e como estes vão se tornando complexos ao longo do tempo. Para amparar teoricamente a presente investigação, tomamos por base os estudos críticos do discurso; os estudos sobre letramentos e multiletramentos e as investigações sobre a história da língua e dos textos. Para a realização da análise, constituímos um corpus com diferentes gêneros discursivos presentes em jornais impressos e em mídias digitais, produzidos no Brasil do início do século XX ao século XXI. Esta investigação, sob uma perspectiva sócio-histórica das práticas discursivas, permite-nos compreender o fenômeno dos multiletramentos como característico da língua/texto, e não somente de uma época e/ou tecnologia, visto que compreendemos os letramentos como práticas sociais situadas e produzidas por sujeitos históricos.